Bed Rotting: o hábito que pode prejudicar sua carreira
- Joselina Santos

- 8 de abr.
- 4 min de leitura

Nos últimos tempos, um novo termo tem ganhado força nas redes sociais: bed rotting, algo como "apodrecer na cama". A expressão é usada, principalmente por jovens, para descrever o hábito de passar longos períodos na cama, não necessariamente dormindo, mas assistindo séries, mexendo no celular ou apenas “vegetando”. À primeira vista, isso pode parecer um momento de autocuidado ou descanso necessário, mas quando esse comportamento se torna recorrente, pode sinalizar algo mais profundo e perigoso, inclusive com impacto direto na vida profissional.
Afinal o que é "bed rotting"?
O termo surgiu entre usuários da geração Z e ganhou destaque em plataformas como TikTok e Twitter. Diferente do descanso tradicional, o bed rotting não tem um propósito claro, como dormir para recuperar energia ou relaxar após um dia difícil. Trata-se, na verdade, de uma fuga uma forma de se desconectar do mundo, evitar responsabilidades ou silenciar emoções incômodas.
A cama, nesse contexto, vira refúgio. Mas um refúgio que, se prolongado demais, pode deixar de ser conforto e se tornar prisão.
Por que isso se tornou tão comum?
Vivemos numa era marcada pelo excesso: excesso de informações, de cobranças, de estímulos e de expectativas. Ao mesmo tempo, muitos enfrentam jornadas exaustivas, insegurança no mercado de trabalho, crises existenciais e dificuldades emocionais. Com tanta pressão externa e interna, o corpo e a mente naturalmente pedem pausa.
O problema é que, muitas vezes, essa pausa vem sem planejamento, sem propósito e sem fim o que leva à estagnação. O bed rotting surge, então, como resposta ao esgotamento, à ansiedade, à depressão ou até mesmo à sensação de vazio.
Quando o bed rotting se torna um sinal de alerta?
Todos nós temos dias em que só queremos ficar na cama. Isso é normal e até saudável em alguns momentos. Mas quando esse comportamento se repete com frequência, é importante ligar o sinal de alerta.
Alguns sinais de que o bed rotting pode estar mascarando um problema mais sério:
Você evita compromissos importantes ou se atrasa com frequência.
Sente que sua motivação para trabalhar ou estudar está cada vez menor.
Usa a cama como uma forma de escapar de decisões, problemas ou interações sociais.
Perde a noção do tempo enquanto está na cama, mesmo sem fazer nada produtivo.
Sente culpa, frustração ou vazio após longos períodos nesse estado.
Nesses casos, o bed rotting pode estar relacionado a quadros como ansiedade, depressão, burnout ou desmotivação crônica. E esses fatores, se não forem tratados, acabam afetando diretamente a vida profissional.
O impacto na carreira
O hábito de passar horas na cama sem se engajar em atividades produtivas pode parecer inofensivo no início, mas a longo prazo pode prejudicar sua carreira de forma significativa.
Queda de desempenho: prazos não cumpridos, tarefas adiadas e falta de foco são consequências diretas da desmotivação e da exaustão.
Desorganização da rotina: horários bagunçados afetam o sono, a alimentação e a produtividade no trabalho.
Isolamento: evitar interações e responsabilidades pode enfraquecer relações profissionais e redes de apoio.
Estagnação: a ausência de ação compromete seu crescimento, aprendizado e desenvolvimento de novas habilidades.
Imagem profissional: a repetição de comportamentos como atrasos, ausências ou falta de energia pode impactar negativamente a forma como você é visto no ambiente de trabalho.
Além disso, quando o bed rotting é usado como uma tentativa de fugir de um ambiente profissional tóxico, ou de uma carreira que não faz mais sentido, é importante refletir sobre isso com profundidade. Ignorar o problema apenas prolonga o sofrimento e afasta soluções possíveis.

O que fazer ao invés de se entregar ao bed rotting?
Reconhecer o comportamento já é um grande passo. A partir disso, é possível buscar alternativas mais saudáveis para lidar com o cansaço emocional e mental. Aqui vão algumas sugestões:
Estabeleça limites claros entre descanso e escapismo: descansar é necessário, mas com intenção. Tire um tempo para si, mas defina um limite.
Crie uma rotina com pausas conscientes: ao longo do dia, separe pequenos momentos para caminhar, respirar fundo ou tomar um café. Isso pode evitar o colapso mental ao final do dia.
Organize suas tarefas: dividir grandes objetivos em pequenas ações pode facilitar a execução e diminuir a ansiedade.
Busque apoio profissional: a psicoterapia é um espaço seguro para entender as causas do seu comportamento, resgatar sua motivação e desenvolver estratégias de enfrentamento.
Pratique o autocuidado ativo: ler, se movimentar, encontrar amigos, cozinhar — essas ações estimulam o cérebro, fortalecem a autoestima e trazem mais prazer à rotina.
O bed rotting pode parecer um simples hábito passageiro, mas quando se torna um padrão, pode ser o reflexo de algo mais profundo e prejudicial. Não se trata de demonizar o descanso, mas de olhar com mais atenção para os sinais que o corpo e a mente estão enviando.
Se você percebe que tem usado a cama como fuga, evite o autojulgamento. Em vez disso, pratique a autocompaixão e procure entender o que está por trás desse comportamento. O equilíbrio entre produtividade, descanso e bem-estar é possível e essencial para uma vida profissional saudável e significativa.



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