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A Importância de Respeitar o Próprio Tempo

  • Foto do escritor: Joselina Santos
    Joselina Santos
  • 28 de jul.
  • 4 min de leitura
Um convite à paciência com você mesmo
Um convite à paciência com você mesmo

Vivemos na era da velocidade. Tudo precisa ser para ontem: a resposta no WhatsApp, o diploma, a casa própria, o relacionamento perfeito, a felicidade constante. A mensagem é clara “corra, ou você vai ficar para trás”.


Mas… atrás de quem? Quem é que está na frente? E o que, de fato, estamos tentando alcançar?


Essa lógica de produtividade e aceleração constante também tem invadido o campo emocional. Sentimentos têm prazo, dores precisam ser superadas logo, e processos internos são tratados como metas com data de entrega.


Só que a alma não funciona com cronogramas. Respeitar o seu próprio tempo é um dos maiores atos de cuidado emocional que você pode praticar. E também um dos mais difíceis em um mundo que te exige pressa o tempo todo.


O tempo interno x o tempo do mundo


Nosso mundo externo tem seu ritmo: horários, agendas, compromissos. Mas nosso mundo interno tem outro tempo. Um tempo subjetivo, invisível, silencioso. É por isso que você pode até estar "funcionando normalmente", cumprindo tarefas, produzindo, interagindo... mas, por dentro, estar esgotado, confuso ou em dor. E tudo bem!


Nem tudo que está do lado de fora acompanha o que sentimos por dentro. Às vezes, a vida exige decisões rápidas, enquanto por dentro a gente só quer respirar devagar.


Cada processo tem um ritmo


  • Algumas pessoas precisam de dias para se recuperar de uma perda. Outras, de meses ou anos;

  • Algumas enfrentam traumas e logo conseguem reorganizar a vida. Outras precisam parar, desabar e refazer tudo do zero;

  • Há quem decida mudar de carreira em um final de semana. E há quem leve uma década para reunir coragem.


Todas essas formas são válidas. A comparação tão comum hoje apenas cria um padrão artificial que desvaloriza o que você sente.

O que muitos chamam de “demora” pode ser, na verdade, o tempo necessário para a transformação acontecer de forma real e saudável.


Quando a autocobrança disfarça o autocuidado


A psicologia nos mostra que existe uma diferença entre autocuidado verdadeiro e autocuidado performático. O primeiro acolhe. O segundo cobra.


Veja alguns exemplos de frases comuns que escondem autocrítica disfarçada de motivação:


  • “Já faz tempo, eu devia estar melhor.”;

  • “Isso nem foi tão grave assim, por que ainda me afeta?”;

  • “Não posso me dar ao luxo de sentir isso agora.”;

  • “Outras pessoas passaram por pior e estão bem.”.


Essas frases podem parecer inofensivas, mas reforçam a ideia de que existe um tempo “correto” para sentir, superar ou mudar. E isso invalida sua experiência emocional.


Você não está atrasado. Você está vivendo no seu tempo. E esse tempo merece ser respeitado.


O que muda quando nos respeitamos?


Quando paramos de lutar contra nosso próprio tempo interno, muita coisa começa a se reorganizar:


  • A ansiedade diminui, porque não há mais pressa para ser “algo diferente”;

  • A culpa perde força, porque entendemos que não falhamos por sentir;

  • A autoestima se fortalece, pois começamos a nos enxergar como somos, e não como deveríamos ser;

  • As escolhas se tornam mais conscientes, pois nascem do acolhimento e não da urgência.


É como se uma parte nossa dissesse:

“Você pode ficar. Você não precisa correr. Eu estou aqui com você.”


Essa é a base da autocompaixão.


Mas e quando o mundo não espera?


Essa é uma das maiores dificuldades: o mundo externo não para. As contas vencem, as responsabilidades continuam, os prazos seguem existindo.

Então, como respeitar o próprio tempo sem se desconectar da realidade?


Alguns caminhos possíveis:


  • Faça pausas dentro do possível, mesmo que pequenas. Às vezes, 5 minutos de silêncio já ajudam;

  • Dê nome ao que você sente. A clareza emocional é um passo para a organização interna;

  • Busque ajuda profissional se sentir que não consegue lidar sozinho;

  • Compartilhe com pessoas próximas o que está vivendo. O apoio certo pode aliviar a carga;

  • Reduza o ritmo quando for possível ainda que temporariamente.


Respeitar o próprio tempo não significa parar totalmente, mas adaptar o ritmo de forma que sua saúde mental possa respirar.


Uma pergunta que pode ajudar:


“O que eu estou precisando agora, que talvez esteja ignorando por causa da pressa?”


Essa simples pergunta pode abrir espaço para escuta, acolhimento e escolha consciente. Muitas vezes, não é a vida que está te pressionando. É você mesmo, tentando se encaixar em expectativas que nem são suas.


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Respeitar o próprio tempo é mais do que uma escolha: é um compromisso com a sua saúde emocional e com a verdade da sua história.


Vivemos cercados por comparações, metas, pressões e padrões. E quando olhamos para tudo isso de fora, é fácil acreditar que estamos ficando para trás. Mas a verdade é que não existe “atraso” quando estamos vivendo de forma consciente e honesta com aquilo que sentimos.


Respeitar o próprio tempo é dar espaço para se curar no ritmo que o coração suporta. É permitir-se parar quando for preciso, silenciar quando o barulho for demais, recomeçar mesmo sem a certeza de que vai dar certo.


É lembrar que pressa não é sinônimo de progresso, e que existe crescimento até nos momentos em que estamos aparentemente estagnados. Porque até o que parece pausa pode ser preparação.


Então, se hoje você sente que está andando mais devagar que os outros, que não consegue “dar conta” como gostaria, ou que precisa de mais tempo para processar o que está vivendo… saiba que isso não é fraqueza. Isso é respeito. É cuidado. É coragem.


Você não precisa correr para se provar. Você precisa apenas continuar, com a firmeza de quem sabe que está indo no seu tempo, do seu jeito, no seu caminho.

E isso é o que realmente importa.



 
 
 

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